segunda-feira, 19 de novembro de 2007

O número de relações sexuais sem protecção entre as jovens cresceu. A procura da pílula do dia seguinte é cada vez maior


As jovens portuguesas continuam a correr muitos riscos nas relações sexuais. Um dos maiores estudos sobre as práticas contraceptivas já realizados em Portugal revela que uma em cada seis raparigas entre os 15 e os 19 anos não utiliza qualquer método anticoncepcional.


Quase um terço das adolescentes sexualmente activas já tomaram a pílula do dia seguinte e 16 por cento admitem não utilizar qualquer método contraceptivo, destacando-se neste campo a região do Alentejo. A contrastar, a região Centro e as mulheres dos 25 aos 39 anos são as que mais utilizam contraceptivos.


Quem não se mostra surpreendido com os resultados do estudo agora divulgado é Duarte Vilar, da Associação para o Planeamento da Família (APF), para quem a elevada utilização da pílula do dia seguinte por parte das jovens não é preocupante por si só. O que é preocupante, no seu entender, é que um terço das jovens já tenham passado por situações de risco desnecessárias, o que as levou a, "de uma forma correcta", evitar uma gravidez não desejada.

Os dados são revelados pelo estudo “A Avaliação das Práticas Contraceptivas das Mulheres Portuguesas”, feito pela Sociedade Portuguesa de Ginecologia em conjunto com a Sociedade Portuguesa de Medicina de Reprodução. O estudo contou com a participação de 3.900 mulheres dos 15 aos 49 anos, residentes em Portugal Continental, Madeira e Açores.


http://jpn.icicom.up.pt/2005/03/03/sexo_desprotegido_aumenta_entre_as_adolescentes.html
http://jn.sapo.pt/2007/09/25/sociedade_e_vida/recurso_a_pilula_cresceu.html
http://www.netprof.pt/ImprimirTXT.jsp?id_versao=14666
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1217197&idCanal=91


Reflexão:


As mulheres portuguesas estão cada vez mais informadas sobre os métodos contraceptivos, em especial as mais jovens que ainda frequentam a escola. No entanto, são exactamente as adolescentes que revelam os maiores erros no que toca à prática de relações sexuais seguras.


Actualmente os jovens iniciam a sua vida sexual cada vez mais cedo, como tal é necessário actuar na área da informação aos jovens, acerca dos meios contraceptivos, do seu modo de utilização e dos riscos que correm caso não utilizem qualquer tipo de contraceptivo (doenças sexualmente transmissíveis).

Ainda que a maior parte das mulheres (87%) se considere suficientemente informada sobre os métodos contraceptivos, uma em cada seis raparigas entre os 15 e os 19 anos não utiliza qualquer tipo de contraceptivo. Muitas vezes há um comportamento de facilitismo e procura do prazer no momento e as consequências não são valorizadas.


Devia de existir uma prática efectiva de acções de formação a nível da educação sexual em todas as escolas.

sábado, 3 de novembro de 2007

Ovulação, fecundação e implantação

Introdução

Um novo ser humano tem a sua origem na conjugação de uma célula reprodutora masculina – o espermatozóide, e de uma célula reprodutora feminina - o óvulo ou ovócito. Enquanto os espermatozóides são produzidos em grande número, de modo praticamente constante ao longo da vida reprodutora do homem, o organismo da mulher disponibiliza para o processo reprodutivo um óvulo a intervalos, aproximados, de 4 semanas durante de 35 anos.
Ovulação

O sistema reprodutor feminino sofre ciclicamente um conjunto complexo de alterações, consequência de interações estreitamente coordenadas entre hipotálamo, hipófise e ovários que, por um lado, culminam na libertação de um óvulo maturo fecundável e, por outro, criam condições favoráveis à reunião dos gâmetas e à receptividade adequada para um eventual embrião. Se não se der a fecundação, há uma fase curta de “regresso ao ponto de partida” hormonal e orgânico, com aparecimento de uma hemorragia menstrual, reiniciando-se, então, todo o processo conducente a nova ovulação e consequente possibilidade de gravidez. Na ausência de gestações, situações patológicas e interferências farmacológicas, esta criação cíclica de condições para que surja uma gravidez repete-se, inexoravelmente, durante toda a vida reprodutora de cada mulher (com excepção de um período variável nos extremos dessa fase da vida, isto é, na pós-menarca e na pré-menopausa).

A hemorragia menstrual ou menstruação, sendo um acontecimento facilmente reconhecível, constituiu, desde sempre, um marco clínico insubstituível.

O ciclo menstrual começa no primeiro dia de uma menstruação e termina no dia antes da menstruação seguinte. A sua duração é uma característica individual, tendo, na grande maioria das mulheres, entre 21 e 35 dias. Embora a mediana da duração dos ciclos menstruais regulares seja 28 dias, estudos populacionais muito extensos mostraram que apenas cerca de 15% dos ciclos tem essa duração. Nos anos que se seguem à menarca e nos que antecedem a menopausa, os ciclos são habitualmente mais longos devido, sobretudo, à maior frequência de ciclos anovulatórios.
Fecundação

Tem lugar na porção ampular da trompa.

A penetração através do cumulus (conjunto de células da granulosa que rodeia o ovócito e o acompanha após a ovulação), isto é, da sua matriz extracelular, parece ser essencialmente ftmção da motilidade hiperactivada do espermatozóide, embora haja também comparticipação da acção de algumas enzimas da sua membrana superficial. Em condições experimentais, e usando células de vários tipos de primatas, constatou-se que os espermatozóides móveis, após capacitação, penetram rapidamente a barreira constituída pelo cumulus, enquanto os não capacitados não a ultrapassam, independentemente da sua motilidade poder ser normal.
Ao entrar em contacto com a zona pelúcida, por mecanismos moleculares muito complexos e que começam agora a ser conhecidos, desencadeiam-se os fenómenos que se designam por reacção acrosómica, com consequente libertação de enzimas do acrosoma. Estas promovem uma digestão mínima e autolimitada da região da zona pelúcida em contacto com o espermatozóide, possibilitando a sua entrada para o espaço perivitelino, isto é, para o espaço entre a zona pelúcida e a membrana citoplasmática do ovócito.

Dá-se, em seguida, a fusão das membranas do ovócito e do espermatozóide. Essa fusão começa na zona equatorial da cabeça do espermatozóide e é, provavelmente, mediada pela existência de moléculas de superfície específicas. O contacto do espermatozóide com as microvilosidades da superfície da membrana do ovócito dá origem à produção, por parte desta, de prolongamentos semelhantes a pseudópodes. Vão sofrendo retracção, a cabeça do espermatozóide é englobada no ooplasma enquanto a membrana citoplásmica do espermatozóide é digerida.
A penetração do espermatozóide no ovócito tem como consequências:
1) a reacção cortical (activação de grânulos subcorticais com libertação de substâncias para o espaço perivitelino, que levam ao bloqueio da entrada de outros espermatozóides);
2) a activação metabólica do ovócito com o completar da meiose (o 2° corpo polar é libertado e o ovócito torna-se uma célula haplóide).
O núcleo do espermatozóide que entrou para o citoplasma do ovócito sofre, então, descondensação da sua cromatina e constitui o pró-núcleo masculino. Os dois pró-núcleos (feminino e masculino) migram um para o outro, acabando por entrar em singamia com formação de um fuso acromático com arranjo dos cromossornas provenientes de ambos os gâmetas. Dá-se então a primeira divisão celular com formação dos dois primeiros blastómeros.




Implantação

É o processo pelo qual um embrião se liga à parede uterina, introduzindo-se na espessura do endométrio e estabelecendo uma ligação íntima com a vascularização materna.

DA GRAÇA, Luís Mendes, Medicina Materno-Fetal, Lisboa, Lidel, 2005