segunda-feira, 10 de março de 2008

Biotecnologia: Anticorpo de VIH obtido a partir do milho pode servir para evitar transmissão

Um consórcio internacional de grupos de investigação obteve a partir do milho uma molécula que actua como anticorpo do vírus da sida e pode constituir um tratamento tópico de prevenção "eficaz e de baixo custo".

Os investigadores conseguiram gerar em sementes de milho grandes quantidades da molécula 2G12, considerada "um dos anticorpos mais promissores" do VIH (vírus da imunodeficiência humana), através de engenharia genética.

Este trabalho, divulgado no número desta semana da revista norte-americana PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences"), destaca "as valiosas propriedades farmacêuticas" daquela molécula microbicida e sugere a sua aplicação tópica vaginal como meio de evitar a transmissão do vírus da sida.

O estudo refere que o mesmo anticorpo do VIH pode também ser obtido em sementes de outras plantas.

Segundo o coordenador do consórcio, Paul Christou, do Departamento de Produção Vegetal e Ciência Florestal da Universidade de Lleida (Espanha), este método de produção da molécula abre caminho a um fármaco "muito mais barato" do que os fabricados até agora com elevados custos a partir de culturas de células de mamíferos.

Na sua perspectiva, esse fármaco poderá constituir no futuro uma "estratégia muito eficaz" de tratamento contra o VIH sobretudo em África, onde se estima existirem 22,5 milhões de infectados, depois da realização de ensaios clínicos.

"Os nossos dados mostram que a capacidade de neutralização do VIH do anticorpo é igual ou superior à do mesmo anticorpo produzido em células CHO (de hamster chinês)", lê-se no estudo. "Concluímos que este sistema de produção da proteína pode fornecer um meio de fabricar um ingrediente microbicida a custos que permitirão a introdução e a produção do produto no mundo em desenvolvimento".

Este trabalho, de carácter filantrópico, foi financiado pela União Europeia com 12 milhões de euros e contou com a participação de 39 grupos europeus de investigação. Entre os seus autores contam-se cientistas de Espanha, Alemanha, Áustria, Grécia e Reino Unido.

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