quarta-feira, 5 de março de 2008

Organismos Geneticamente Modificados

Organismos geneticamente modificados (OGM) são aqueles cujo material genético foi deliberadamente alterado pelo ser humano através de técnicas de biotecnologia.

A transformação do genoma de uma planta ou animal pode ser feita utilizando apenas material genético que a espécie já possui, através da alteração de determinados genes ou da realização de cópias de genes de modo a duplicar o seu efeito. Alternativamente, pode-se inserir no genoma de um ser vivo, um ou mais genes de espécies diferentes. Os OGM que foram produzidos por este segundo método são chamados de transgénicos e o seu objectivo é conferir determinadas propriedades a um ser vivo que este anteriormente não possuía e que estão presentes noutra espécie.

Neste momento já se produzem OGM muito diversos, incluindo animais (dos ratos aos peixes), plantas, fungos, bactérias e outros microrganismos. As razões para a sua produção são igualmente variadas, desde uma aplicação puramente científica, uma vez que as técnicas da engenharia genética permitem responder a questões fundamentais sobre o funcionamento dos genes, à produção de produtos farmacêuticos. No entanto, neste momento a aplicação mais generalizada e polémica dos OGM é na agricultura.

A produção de OGM existe desde o início da década de 1980, mas só em 1992, na China, foi plantada comercialmente a primeira variante transgénica de uma planta, neste caso tabaco tolerante a um herbicida específico. A partir de meados da década de 1990, algumas culturas transgénicas, em especial o milho e a soja, começaram a proliferar, e ficou claro que não tardaria muito tempo para que uma generalização destas culturas estivesse em curso, bem como o alargamento da aplicação da engenharia genética a outras espécies. Desde então foi gerada uma enorme polémica em torno dos perigos e das potenciais vantagens da utilização de OGM.


Vantagens e desvantagens das culturas agrícolas geneticamente modificadas

O incremento das culturas geneticamente modificadas tem provocado uma acesa polémica envolvendo cientistas, agricultores, ambientalistas, políticos, grupos económicos e os próprios consumidores. Para além das questões económicas, sociais, ambientais e de saúde, a produção de transgénicos levanta também questões de ética, sendo muito sensível a discussão sobre o direito que a espécie humana tem (ou não) de criar seres vivos desta forma, alterando o seu ADN de uma forma que nunca aconteceria por um processo natural.

É um tema em que não nos podemos sequer refugiar na suposta verdade ou neutralidade científica, uma vez que a própria comunidade científica está muito dividida, Por um lado os biotecnólogos defendem em bloco o uso de transgénicos, por outro lado os ecólogos alertam para os perigos desta técnica e aconselham prudência.

Os defensores dos OGM advogam que a produtividade da agricultura pode ser aumentada pela maior facilidade na eliminação de ervas daninhas e insectos prejudiciais, pela eliminação do risco de que os herbicidas danifiquem as próprias culturas como por vezes acontece com na agricultura convencional. Além disso, alguns dados apontam para que o uso de pesticidas seja inferior na agricultura com transgénicos do que na agricultura convencional, o que poderia gerar impactos negativos mais reduzidos. No entanto, muitas entidades questionam o rigor destes dados, uma vez que já que as plantas são resistentes aos herbicidas, pode-se usar e abusar destes.


Um dos principais argumentos usados a favor dos OGM é de que pode passar a ser possível implementar culturas agrícolas onde antes era impossível devido a condições ambientais adversas (clima, solos pobres, falta de água), sobretudo nos países mais pobres. Isto, teoricamente, poderia ajudar a resolver, localmente, alguns problemas de fome e sub-nutrição das populações. Outro argumento é o de se poder criar variantes dos produtos agrícolas com suplementos nutricionais, como é o caso do arroz dourado, uma variante à qual foram adicionados genes responsáveis pela produção de vitamina A. Assim, esperar-se-ia suprir carências nutricionais de algumas populações asiáticas cuja base da alimentação é o arroz, evitando-se problemas de saúde, como a cegueira causada por hipovitaminose. No entanto, existe o argumento de que existem recursos suficientes no planeta para que a população possa ser alimentada sem recurso a transgénicos, estes têm é que ser bem distribuídos.

Além disso, existem várias preocupações relativamente às culturas de OGM, relacionadas com a saúde humana, com o equilíbrio dos ecossistemas e com problemas sócio-económicos.

Efeitos dos OGM na saúde

Alergias
Pelo menos algumas variedades de OGM são responsáveis pelo aparecimento de alergias, através do seu consumo, causadas pela presença de genes capazes de produzir proteínas alergénicas. A produção de uma variedade de soja que continha uma proteína da castanha brasileira foi suspensa devido a este problema.

Resistência a antibióticos
A engenharia genética utiliza genes que conferem imunidade a certos antibióticos como marcadores para identificação das células modificadas. Isto causa alguma preocupação, já que existe a possibilidade de que esta resistência possa passar para bactérias dentro do corpo humano, tornando mais difícil o controlo de doenças. É quase consensual que estes marcadores devem ser abandonados e substituídos por outros.

Outros efeitos
O uso de produtos geneticamente modificados na alimentação humana é ainda muito recente, existindo, obviamente, muitas lacunas no conhecimento. Assim, não é de excluir a possibilidade de que possam aparecer outros efeitos nefastos associados ao consumo de transgénicos. Deve portanto ser exercida alguma prudência nesta matéria até os estudos científicos serem mais conclusivos.

Principiais culturas agrícolas geneticamente modificadas

As principais culturas com OGM são a soja, o milho, o algodão e a colza. Outras culturas transgénicas são o tabaco, a chicória, a alfalfa, o trigo, o arroz, o melão, a papaia, a abóbora, o tomate, o girassol, a beterraba, as lentilhas e flores como o cravo.


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