As conclusões deste estudo do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA) e do Instituto de Tecnologia Química e Biológica da Universidade Nova de Lisboa (ITQBUNL) levam os investigadores dos dois institutos a defender uma "avaliação caso a caso do produto final e não a tecnologia utilizada para se chegar a esse produto". "Só dessa forma se poderá garantir uma verdadeira segurança alimentar", referiu ao JN Rita Baptista.
A investigadora sublinhou que o resultado do estudo "não indica se determinadas plantas são mais perigosas e outras menos". A questão passa muito mais pela quase inexistência de controlo de umas e o controlo de outras. Isto é, "no mercado existem mais de 1500 espécies que chegam ao prato de toda a gente que não são avaliadas".
Planta de arroz
Os cientistas orientaram o seu estudo na planta de arroz. Compararam os resultados entre as plantas geneticamente modificadas, as transgénicas, e as plantas cujas sementes foram irradiadas com raios gama (mutagénese), uma técnica utilizada na agricultura convencional desde o início do século passado.
Os resultados mostraram que "o número de genes alterados nas plantas cujas sementes foram alvo de irradiação é pelo menos duas vezes maior que no caso das plantas transgénicas", salientou Rita Baptista, acrescentando que este resultado manteve-se "mesmo quando as plantas analisadas são já descendentes de décimo grau da planta que foi modificada".
O objectivo principal da investigação era tentar perceber se fazia sentido fazer uma avaliação diferencial de segurança alimentar de alimentos obtidos por mutagénese em comparação com os transgénicos.
"E contrariamente à engenharia genética, em que se introduz um único gene para promover uma determinada característica, na mutagénese o objectivo é originar alterações na planta para depois escolher as que possuem melhores características. Essas são depois cruzadas e recruzadas até que entram no mercado".
Pouca segurança
A questão essencial passa exactamente pela entrada no mercado. Pois, apesar de se considerar que técnicas como a irradiação gama, ou agentes químicos podem ser arriscadas, estes "produtos, porque não são alterados em laboratório (ou seja sem o uso da engenharia genética), não são considerados Organismos Geneticamente Modificados (OGM)", frisou Rita Baptista.
Essas plantas, cerca de 1500 espécies, são assim "facilmente aceites no mercado sem qualquer controlo, ao contrário do que se passa com os OGM, para os quais existe legislação muito apertada", acrescentou a investigadora do INSA, que defende medida igual para todas.
O estudo foi recentemente publicado na revista científica dos EUA "Procedings of the Nacional Academy of Sciences".
Sem comentários:
Enviar um comentário