domingo, 1 de junho de 2008

As pragas dos Pombos

Por ano, cerca de 80 a 90 pessoas contraem tuberculose aviária, por contacto com pombos urbanos. Estas aves que habitam nas cidades e outras áreas urbanas são um risco para a saúde humana e também animal. Em 2005, mais de cinco mil suínos de criação foram também contaminados com tuberculose pelos pombos urbanos.

Um problema de saúde animal que levou a Direcção-Geral de Veterinária (DGV) a pedir medidas de controlo da população destas aves a autarquias e empresas, então com bons resultados. "Houve uma intervenção muito séria, mas em 2006 começou a abrandar", explica Fernando Bernardo, da DGV. Assim, este ano, já há "indícios" de poder vir a aumentar o número de animais contaminados, admite o responsável, o que levanta "receios que dentro de um a dois anos, voltemos a ter o mesmo problema e que tenhamos de voltar a apelar à aplicação de medidas".


O circuito de risco dos pombos para a saúde de outros animais está identificado: começa nos portos, onde é efectuada a descarga de cereais e leguminosas a usar depois na alimentação animal. Como os porões ficam abertos vários dias para descarga, os pombos abastecem-se frequentemente, entrando assim em contacto com os cereais. Em alguns casos, chegam a morrer nos porões e os cadáveres acabam por ficar misturados com os produtos e incorporados nas rações animais.


Com os humanos, o problema está sobretudo na população fisicamente mais debilitada, como os sem-abrigo ou toxicodependentes, que dormem debaixo das arcadas de edifícios ou passam o dia à porta de igrejas - locais também muito procurados por pombos. Outros possíveis focos de contaminação de pessoas por doenças dos pombos, como a clamidiose, estão em repuxos de água que sejam partilhados.


Os riscos dos pombos para a saúde, humana e animal, assim como para o património - já que as fezes destes animais são muito ácidas e, por isso, altamente corrosivas para os monumentos onde tendem a instalar-se as aves -, levaram já várias câmaras municipais a tomar medidas de controlo das po-pulações. Mas, explica Fernando Bernardo, " as autarquias têm uma sensibilidade muito variável e muitas acham que a gestão das populações de aves não é muito importante, até que são confrontadas com o problema".


O número de casos de doenças em animais de criação - cuja origem foi possível rastrear até aos pombos - levantou a preocupação em 2005 e levou a DGV a alertar autarquias e empresas, nomeadamente as de transporte de cereais, para a necessidade de medidas no manuseamento dos produtos. "Os pombos reproduzem-se na mesma proporção da disponibilidade de alimentação. Se se diminuir a comida, reduz-se a população", explica o responsável.


Os casos críticos são, por exemplo, os portos de Lisboa e o de Leixões. Só neste último local, foram eliminados mais de 30 mil pombos. A DGV é responsável por assegurar que o processo cumpre as normas comunitárias , em termos de captura, abate e tratamento dos sub-produtos, ou seja, dos cadáveres, que são classificados como de risco máximo e, por isso, incinerados.


Para o presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública, os pombos colocam "riscos que podem ser controlados". Em qualquer situação, explica, "a doença surge na sequência do contacto e da exposição". Por isso, por exemplo, "o risco será maior para pessoas que sejam alérgicas a penas dos pombos ou que sofram de asma" e vivam em zonas de alguma concentração, como centros históricos. Contudo, conclui, "a grande sensibilização a fazer em relação ao espaço público, tem a ver com todos os seres vivos que partilham as nossas cidades".


2 comentários:

MfilomenaF disse...

NÃO É UM COMENTÁRIO QUE PRETENDO FAZER MAS SIM SABER COMO ME LIVRAR DE CENTENAS DE POMBOS QUE INFESTAM UMA CASA QUE POSSUO. NO TELHADO JÁ HÁ UMA ABERTURA POR ONDE CAIEM PARA O INTERIOR, PENAS E OVOS, ALÉM DE CHUVA, AS PAREDES EXTERIORES E UM PEQUENO PÁTIO FRONTEIRO ESTÃO SEMPRE CHEIOS DE EXCREMENTOS. O MAIOR PROBLEMA É HAVER VÁRIAS PESSOAS QUE DEITAM PARA ESSE PÁTIO, ALIMENTO PARA OS POMBOS, PESSOAS QUE NÃO CONSIGO DEMOVER E QUE, OBVIAMENTE, NÃO CONSIGO IDENTIFICAR PARA AS DENUNCIAR À POLÍCIA. SE A ALERTAR, É CLARO QUE QUANDO ESTA CHEGASSE, JÁ ELAS LÁ NÃO ESTARIAM.
OBRIGADA POR EVENTUAL ESCLARECIMENTO

MARIA FILOMENA FOLGADO

E -mail: mariafilomenafolgado@gnail.com

Unknown disse...

Deixem me rir:
Serão tolos os veterinarios da Universidade de Gent (Be) que escrevem no curso sobre as doenças dos pombos " Infecções com Mycobacterium avium são raras em pombos" ?
Será tolo o Prof. Wackernagel da Universidade de Basileia que afirma que em 62 anos (até 2004) não há nenhum caso documentado de transmissão de tuberculose para o Homem pelos pombos da cidade. Não me digam que o mesmo professor é incomcpetente quando escreve que "os pombos da cidade só esporadicamente podem cosntituir uma ameaça para a saúde humana, mas mesmo assim este risco é muito baixo, mesmo para as pessoas que trabalham nos arredores dos ninhos destes pombos.